13.10.04

Episodio 1 - A Família: origem e fundação de Lapadócia

Para que se entenda THE TOINO STORY, a história do primo que correu mundo, é importante entender a origem da família onde a acção se desenrolou. Esta introdução, relata essa parte desconhecida da maioria. Não se praticaram exageros históricos. Apenas se pesquisaram os factos.
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Há muitos, muitos anos, nas montanhas entre Pacóvia e Bardamécia, na zona do Culássio, banhado pelo Oceano Tólãntico, uma tribo de pastores vivia a apascentar ovelhas. Eram pobres, sujos, ordinários, mas muito hospitaleiros.


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Certo dia, Nobres Templários, que cruzavam o seu território, pediram autorização de pernoita, propondo-se pagar bem por alimentos,uma cama e um tecto. As ovelhas seriam à parte.
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Jetéme de Mua-Nonplus, era capitão de uma escolta importante. O líder dos pastores deu guarida aos Templários na melhor tradição da tribo, para que repousassem um noite, confortávelmente. Os cavaleiros transportavam um enorme Baú cheio de cadeados e correntes. Os pastores, intrigados, tentaram perceber a que se devia tamanho contentor e segurança. Os Templários apenas respondiam: "São coisas de Fé, amigo"
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Nessa noite, um dos pastores, a quem se atribui a invenção da gazua, não descansou enquanto não abriu o cadeado.
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No dia seguinte, os Templários, acordaram na mais profunda paz que as montanhas podem oferecer. A clepsidra fora desligada e dormiram um pesado sono. Note-se que os Templários dormiam com as cotas de malha. Estranharam o silêncio. De pé, como uns lemures, observaram a paisagem notando, a falta dos pastores das ovelhas e da carroça com o cofre.

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O primeiro palavrão, ecoou nas montanhas.
Dos Templários a historia continuou a falar....e dos pastores?

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Depois de terem aberto o cofre, a surpresa foi tão grande, que muitos ficaram com tiques irreverssíveis. Perante o que os seus olhos viam, nada na Bíblia servia de calmante. Estavam a olhar para o Tesouro dos Templários. Havia ouro, muito ouro, pedras preciosas, figuras esculpidas em jade e âmbar, moedas, prata trabalhada, senhas de desconto, senhas de refeição, e até lá estava o Santo Graal.
Uma enormidade de riqueza.

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Montados nas ovelhas, os pastores fugiram nessa noite pelo mapa abaixo, rápidamente, sem deixar rasto.
Mais tarde, este acontecimento viria a ser conhecido não por Êxodo, mas por Lãzudo.

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Passaram pela Estereofonícia, seguiram para a Bazância pelo caminho do ostrogodo Otto Ekstrada. Seguiram para Banga e Oluffcía e foram descendo até ao ponto mais Austral da Europa.

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Tinham ouvido falar, a uns mercenários da Generrónia, que havia um Rei que batia na Mãe, mais a Sul.
"É o que precisamos" pensaram eles.
Continuaram a viagem atravessando a península na diagonal, mas de noite, para evitar a AlQueda do Baú em mãos alheias.

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Após muitos dias de viagem chegaram a uma planície ribeirinha onde se estableceram com as ovelhas e o Baú, ao que chamaram Lapadócia.... Claro, que a segurança não estava garantida. Houve que fazer artificialmente uma colina para melhor garantir qualquer tentativa de lhes irem ao Baú.

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À medida que faziam a colina, criaram um intrincado esquema de túneis, que apenas os patronos conheciam e conduziam à câmara do Tesouro. Com a colina construída, precisavam de garantir a segurança da tribo. Embora tivessem treinado as ovelhas a ladrar e saltar ao pescoço de estranhos, um exército, era bem melhor. Mas precisavam de autorização do Rei. Tinham que se tornar senhores Feudais.

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Enviaram um mensageiro para pedir uma audiência com o Soberano. Este acedeu, desde que não fossem do Círculos Lectorensis e não interrompessem o jantar. Depois de garantidos os pontos requeridos, rumaram a norte para se encontrarem com o Rei. Com um séquito de mais de 300 ovelhas e oferendas chegaram ao castelo senhorial.

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Foram recebidos pelo bobo, conhecido por Bobo do Castelo-Brinco. "despachai-vos, gentinha...o Rei nãoooo pode esperar. Credo! Detesto ovelhas e campo. Que coisa" E lá ia ele às cambalhotas pela trela de Bete de Gravestalo,a tratadora, até à sala da torre de Ménage. Assim chamada por se lavar muita roupa suja.

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"Ao que vindes?" perguntou o Rei, dando um real estalo na Mãe.
"Senhor, somos pastores pobres e moramos em Lapadócia. Queríamos ser Feudalisados"
"Quereides ser Feudidos?"
"Sim, para podermos Feudar o território"
O rei pensou que era bom ser franchisado no Sul e acedeu.
Batendo com o selo real no pergaminho A4, exclamou:
"Feuda-se......os Pastores"

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Já Feudados, os pastores iniciaram uma nova era Senhorial. Desceram até à sua propriedade e começaram a criar um Feudo. Castelo, tropa, agricultores, operários especializados,vagabundos, arrumadores...etc.

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A história seguiu os seus passos e o que foram, outrora, pastores pobres, eram hoje os poderosos senhores de Lapadócia. Considerado por muitos, como o Centro do Mundo.

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O tempo foi passando. Os reis foram descendo até Vila Moura. O país tomava as suas formas e as suas reformas. Os descobrimentos seguiam para Sul para tentar chegar a Leste. Os antigos pastores, eram hoje influentes, poderosos e unidos. As ovelhas há muito que tinham sido abandonadas. Dedicavam-se ao mundo dos negócios.

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Fiação (emprestar dinheiro a juros), Agricultura (cultura de papoilas e outros “hello,sin-ou-génios”), material de guerra, etc. Como a propriedade tinha vista para o baldio de Campo D’Ourique, onde haviam zaragatas monumentais com os vizinhos, ganharam bom dinheiro com as apostas criando o primeiro casino do mundo. O famoso Toril, mas por ter umas Eslavas meio Góticas que tiravam os véus, passou a chamar-se XXX-Toril.
Anos mais tarde foi alienado por um Feudo vizinho. Que em termos técnicos se dizia "Feuderam-no".

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Um dos mais famosos negócios foi a compra da plantação de tabaco ao Marquês da Mata. Hoje a maior marca de tabacos do mundo. Os Tabacos "Mata".

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Com os descobrimentos começaram a aparecer outras vias de negócio, especiarias, haxixe, lojas dos 300, escravatura...etc. Em todos a Lapadócia, com a sua capital, Lapa, se notabilizou. Sobreviveram aos Romanos, aos bárbaros, aos vikings, aos Franceses aos distribuidores de publicidade e muitos outros.

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Com o passar do tempo, rodeada de Olissiponenses, mais conhecidos por "alfaçáicos", por todos os lados e sujeita a enormes pressões da Carris, a Lapadócia começou e desagregar-se.

O que outrora fora o centro de tudo, onde nasceu o Renascimento, a Revolução Francesa, a Boeing, o Vinho do Porto e até a Nasa começou ali, era agora um espaço povoado de habitações sociais, baratas, que albergavam os antigos agricultores, operários e criadagem.

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A Nobre família muda-se para Massamá. A capital da Lapadócia, passa a zona periférica de Algés. Perde todo o seu explendor.

Foi uma epopeia.

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THE TOINO STORY, começa ainda na fase rica, mas já decadente.

Sobre o tesouro, não se sabe ao certo onde fica a entrada, nem se existiu. Quanto à história que vamos contar, essa sim, existiu. Serei o seu narrador. Foi-me contada pelo patrono da nossa familia às portas da morte:
"Esta é a verdadeira história" disse-me....... foram as suas últimas palavras...bem, as últimas não foram.
"Não me empurres paáááááááá...." foram sem dúvida as últimas, naquela tarde fatídica na Ponte Sobre a Estrela.


11.10.04

Episódio 2- A Família: flutes, cartas e òpio

O Sol escorregava pela abóbada celeste, vermelho de cansaço.
Pouco depois desaparecia na linha do horizonte. Consigo arrastava o manto anil da noite, roído pelas traças e ao qual os poetas chamavam céu estrelado. Até lhes faziam poemas......

A minha disposição, naquele entardecer não era das melhores.

Na Ponte sobre a Estrela, observava o que outrora fora o reino de Lapadócia. Hoje em dia estava confinado a uns meros metros quadrados nas traseiras de um prédio barato, algures na Rua de São Ciro.
Onde raio, estaria o Toino???
Não conseguia deixar de pensar nele. Há anos que nada se sabia do animal. Apenas sabia que corria mundo.
Na minha cabacinha, as imagens do passado, voavam num turbilhão, como sacos de supermercado barato, atirados do alto Cristo Rei em dia de temporal.
Tinha de haver uma explicação. Mas já tinha "despachado" o meu explicador.
Agora tinha de descobrir por mim.
Sem saber do Toino, eu nunca seria herdeiro Universal de Lapadócia.
Acendi o cachimbo. Puxei uma fumaça de ópio, e deixei-me flutuar no mar das minhas memórias……..



A nossa família, a propriedade, a casa, tudo se tornava presente e tomava forma…..
Ouvia a música da minha infância....
A nossa família, era sem dúvida uma das mais poderosas, senão a mais poderosa do mundo.
Herdeiros de Lapadócia.
Éramos detentores de uma riqueza imensa. Pornográficamente ricos.

Para evitar preferências, todos eram tratados por Tios e Tias. Apenas se falava nas Mães para qualquer insulto menor. Esse conceito perdurou.
Transformando a ex-Lapadócia, na zona do mundo com maior nível de consanguinidade. Todos, Tias e Tios.

Fazia-se o mínimo, na família.
Pela manhã, todos se vestiam a rigor, pegavam num copo e iam bebendo espumante ou vinhos caros até ao almoço. À tarde, jogava-se às cartas, dizia-se mal das pessoas e continuava-se a beber. À noite fumava-se Ópio.
Como eu era criança, não podia jogar cartas. Diziam que me podia viciar.
Era um stress.

A casa, era monumental. Foi construída ao longo de séculos.
Era tão grande, que havia charrettes a percorrer os corredores.
Tinha duas estalagens, entre os salões e os quartos. Davam guarida a Tios que não conseguiam chegar aos aposentos a tempo. Era chato ter de dormir nos corredores..

Nos diversos salões, várias orquestas sinfónicas tocavam 24 horas por dia.
Existiam vários jardins. De inverno, Verão, Outono-Inverno e alguns de Meia Estação.

Num dos salões de jogos um dos Tios enganou-se e em vez de uma mesa de bilhar, comprou um campo de futebol.
"Ambos têm o tampo verde", desculpou-se.
Compraram-se 2 equipas de futebol com àrbitos, juízes de linha e claques.
Mas como os resultados eram sempre os mesmos e tudo aquilo era um desassossego, decidiu-se acabar com o estádio. O cheiro a suor era insuportável.
O relvado passou a ter aves, e foi gerido pelo Sr. Nuno. O dos Pintos às Costas.

Nos jardins, o Tio, mandou construir uns banhos cobertos. Ao estilo renascentista, como tinha visto no Baidecano, numa das suas viagens pelo exterior.

Mas, como uma das Tias, teve uma visão divina. Viu S. José a aplainar tábuas nas oficinas da Ikea.…..
Os banhos passaram a Basílica.
A Família pouco lá ia.
O único Tio que lá foi, esteve 3 dias no confessionário. Foram precisos 3 padres, massagens cardíacas e ainda hoje o Tio reza penitências.
A basílica ainda se avista nos dias de sol.

A propriedade estendia-se em todas as direccões até se perder de vista.
Dizia-se que por ser tão grande, a linha do horizonte passava no meio.
O Tio Jolo, assim chamado, pelo elevado índice de burrice por neurónio quadrado, acreditava que era verdade.
Um dia encontrou um arame no chão e teimou que era um pedaço da linha do horizonte. Perante as gargalhadas de todos, fechou-se no quarto e saiu muitos anos depois com a teoria, que o arame era um meridiano fossilizado.
Ainda hoje se o pode ver no Museu Nacional de Lapadócia. Encerra às 17 horas.

Os jantares na nossa casa eram famosos. Individualidades mundiais percorreram os salões. Artistas, empresários, estrelas de cinema, de novelas fatelas, políticos, àrbitos, fiscais das Finanças e até Chefes de Estado, que saíam em muito mau estado.
Eram jantares de centenas de pessoas. A mesa era tão grande que em cada 250 lugares, havia uma cozinha. O Sr. Lopes, era o chefe de cerimónias. De cabelo oleoso, era bom a entreter os convidados e a fazer sumos de laranja. Expremia como ninguém. Mas por graça todos diziam "Estou Semtinto, Lopes". Partiu para fazer carreira a solo.

Houve outro personagem.
Era um míudo Catalão que a Família acolheu, o Picancho,
O nosso pintor de paredes. Um dia pintou o retrato da Tia, e mostrou ao Sr.Zé, um dos caseiros.
"Tã bunito. Ondé cubiste?" Passou a ter a alcunha do “O Pintor Cubista Pá Arte”.
Foi a fase negra. Um dia, foi-se embora.
Espero que se tenha safado.

Também, o saudoso Pastor, um emigrante francês, da Croissantécia, foi acolhido pelos Tios. Um mestre nos adubos químicos e seus derivados.
Há uma historia curiosa sobre ele. Uma das Tias, quiz envenenar o Tio e pediu-lhe que fizesse um “Anti-bio-Tio”. O rapaz enganou-se na composição e o Tio em vez de bater a bota, nunca mais teve infecções e gozou de uma saúde invejável até uma idade avançada.
A Tia, mandou o míudo embora.
O jovem mudou o nome para Pasteur e estabeleceu-se por conta própria. Ainda foi a vários jantares com as afilhadas, a Penny e a Celina.

Muitos dos que fizeram história, eram ou passaram por Lapadócia. Ao longo de séculos frequentaram a nossa casa. Gente como, Maria et Toina,neta. Ranhoire, Joana D'arcos (que não era nada ao Passo D'Orcas), Rave hell, Nope Leão, Clark Gaba-se, Marilna Mona Roy-se, Nikita Crochet, Fidel,o Casto, entre muitos outros.


Ouvi estas histórias vezes sem conta.

Mas foi quando os anos 50 já entravam na idade adulta, que eu nasci.
Em plena era espacial.
Os Russos mandavam as cadelas para o espaço e não as curtiam nos salões como muitos da nossa família.

Eu era a única criança .
Fazia o que me apetecia. Jogava às cartas, às escondidas. Mentindo, dizendo que estava a fumar.
Não estudava. Não lia.
Entretinha-me a pintar por cima dos valiosos quadros. Atirava os pianos de cauda pelas escadarias. Pegava fogo aos criados. Escrevia palavrões nas paredes.
Era um “enfant terrible”.
Tentaram abandonar-me várias vezes, mas eu voltava. Chamavam-me o "Bom Merengue Aus-troll-& ano". Inclusive, o laboratório que fazia experiências médicas comigo, devolveu-me à Famiília.

Os anos 60 bolsavam os seus primeiros dias, quando tive o maior choque da minha vida.

Lembro-me como tivesse sido há 40 e tal anos.
Estava a rasgar um “Too Loose de Low Traque”, quando ouvi gritos e correrias. Fiquei atento. Aquilo era pouco habitual.
A porta do salão abriu-se e entraram uma data de Tios.
Agarraram-me. Por momentos, pensei que a pena de morte tinha sido restabelecida e que me iam imolar.
Só percebi o horror,quando me disseram:

"PARABÉNS, JOCA, TENS UM PRIMO!”

Aí, sim, assustei-me e chorei, não como uma Madalena, mas como um queque, da Lapa.

17.9.04

Episódio 3 - O Toino Finalmente



Agarrado pelos pés, os meus Tios arrastaram-me pelos enormes Salões da nossa Mansão de Lapadócia.
Com o meu canivete suíço, oferecido por um dos nossos mordomos para destruír quadros, ia tentando parar, cravando-o no soalho. A pressão da família era enorme....por isso fui cortando os valiosos tapetes da Senhorial Casa, à minha passagem.
Ria-me, sem ter a noção do que me esperava.
Várias centenas de metros depois, os meus Tios pararam.
A carga nos meus pés e o pó na minha boca tinham amainado.
Estávamos perto do berço onde o meu primo dormia. O dito Toino.
O Tios disseram:
"Olha o teu parente mais novo".
Olhei. Para mim, aquilo não era um berço, mas sim um contentor. Chegou a servir para guardar a lenha do nosso palácio durante muitos invernos.
O Toino não me parecia um bébé, mas sim, um infantário inteiro.
Era enorme. Tão grande, que para se observar o mamífero, tinhamos de rodar a cabeca 180 graus.
Eu não queria acreditar que o meu concorrente, era maior, mais pesado e mais forte.
Só rezei muito, para que não fosse mais inteligente.

Os dias foram passando.....
Eu sentia-me posto no segundo degrau do pódium. Todos davam atenção ao Toino e a mim só me diziam: "Não faças barulho que o bébé está dormir" "….”Não brinques com facas ao pé do bébé"...
Bébé, bébé.... mas qual bébé? Ele já tinha peso para ir para a tropa, e comia tanto como uma Esquadra de Polícia.
Com o passar do tempo, o Toino foi crescendo...
Eu observava o evolução do virús familiar.
3 vacas produziam o leite diário para alimentar o bicho e uma delas era sacrificada para as refeições semanais do intruso.
Os Tios passavam a vida a dizer-me que eu tinha de aprender a partilhar tudo com o primo.
Só se fosse a gasolina e fósforos ...Ele ficava com a gasolina e eu com os fósforos. Partilhar o poder, não eram palavras fáceis para o meu cérebro.
Eu tinha de ter uma solução para este problema. Nunca iria dividir Lapadócia com aquele “Mega” Toino,

Ao longo dos anos eu até brinquei com o “Tanque de Guerra”. Não havia muitas brincadeiras possíveis. Às "escondidas" não funcionava, porque havia sempre um bocado do Toino que ficava de fora. À "apanhada", era impossível, porque quando ele corria as couves saltavam do chão, o leite das vacas azedava e os valiosos quadros de Lapadócia caíam das paredes. Um dia dentro de casa numa correria saltaram os estuques todos do tecto de 7 salões e a maioria das louças raras ficaram em formato de “puzzle”...e eu fiquei de castigo, por andar a excitar o primo.
Até mudarem o chão, notavam-se as pegadas do Toino.
Os Tios proíbiram-nos de correr na Mansão. Na rua, brincar, nem pensar, porque as vacas fugiam, os pásssaros migravam...e acho que até anoitecia mais cedo.

O Toino cresceu. Já tinha umas proporções tão avantajadas, que só a 30 metros tinha uma escala normal.
O meu problema, é que ele estava a ficar inteligente. Muito, mesmo....De nada me valeu rezar.
Quando fomos para o colégio, eu andava num deles com o primo.
Ele teve de andar em 2 porque só aceitavam crianças até aos 40 kilos.
Pensei sempre que não o podia perder de vista.
Um dia Lapadócia seria nossa e nessa altura eu tinha de ter uma ideia brilhante para ficar Herdeiro Universal.

Os anos foram passando, e já nos consideravam uns jovens.
Eu já não riscava quadros. Aparecera a televisão e até Lapadócia parecia mais pequena.

O Toino meteu-se na biblioteca. Passava os dias a ler... Criou ideias próprias. Eu nem sabia como o controlar.
Certo dia, ao jantar, o Toino surpreendeu toda a família ao dizer :
"Caros Tios, Tias e Primo, vou correr mundo. Vou saber tudo sobre novas tecnologias".
O silêncio foi geral. Iria o primo abandonar Lapadócia?
Eu fiquei em pânico. Como poderia observar os movimentos do adversário, sem saber onde ele andava?
Os Tios tentaram demover o Toino da sua ideia.
Mas o primo, motivado por uma fé interior explicou:
"Quero perceber tudo sobre tubos de 2 polegadas, roscas decimais e Deus".
Não se percebeu qual a razão. Mas segundo ele, era uma necessidade muito forte.
Tão forte, que o vi subir para fazer a mala, sentindo que seria um percurso difícil para mim.
Eu nunca saíra de Lapadócia e não fazia ideia o que era o mundo lá fora. Estaria eu preparado para o perder de vista?
O Toino desceu, trazendo uma mala pequena. Na minha opinião estava vazia, porque uma camisa dele tinha a àrea da tenda do Circo Chen. Só podia ser bluff. Ele queria enervar-me. Não ia partir....
Era um tarde de sol. Cuspia-nos o entardecer na cara, como um aviso de que em breve seria despejada a noite.
O Toino abraçou a familia toda, incluindo eu. Tudo duma só vez.
Grande mamífero.
"Espero um dia voltar, e ser o orgulho da familia" Disse ele, na sua voz cava e grossa, de coro Russo.
"Ele voltar”, era um conceito que me enervava...mas "ele desaparecer" assustava-me.

Ficámos todos a ver o Toino afastar-se em direcção ao pôr-do-sol. Dado o tamanho do animal, foi um momento que levou o resto da tarde...
A noite caiu, com a força duma bigorna.
Eu estava tão deprimido que nem me apeteceu pegar fogo ao pinhal. Rasguei 2 Matisse. Bebi uma garrafa de Napoleon e fui gritar para o Jardim da Estrela (que já não era nosso).....
A coisa estava feia e ficou pior, quando a polícia chegou.....eram 22:56.


Episódio 4 - New York Underground



Nova York.

Quando o Toino assentou os cascos em terreno Americano, os sismógrafos acusaram nivel 2 na escala de Mercali.

O Toino e a sua mala, passaram a alfândega sob o olhar atento das forças de segurança. Algumas dúvidas se puseram: Seriam 2 palestinianos empoleirados um sobre o outro com 12 coletes de bombas?....

Como os detectores nada acusaram e ele trazia um visto de Lapadócia, o primo saiu do aeroporto sem problemas.

Parou e olhou a cidade do alto dos seus 2 metros e suspirou pensando:
"Adoro aldeias à beira mar".

O mamífero vestiu um yellow cab e disse no mais puro americano, na sua voz cava que partia qualquer vidro blindado:
"Go downtown to Seixal alley, 35, Bronx, please".

O motorista, um serial killer que nunca fora apanhado em 20 anos, guiou todo o percurso com um olho na estrada e outro no retrovisor. O medo é uma coisa muito bonita.....
Quando o táxi parou, o Toino despiu-o e pagou.
"Keep the change" disse ele. "Buy something nice for your mistress".

O táxi saiu de campo como uma estrela cadente. O desejo era para o motorista.

Toino aproximou-se de um degradado edificio num bairro em vias de extinção.
Pegou num papelinho que trazia. Olhou pela janela do 1º andar e viu uma sombra a descer apressadamente as escadas.

Baixou-se e levemente bateu na porta do rés do chão.
A porta saltou dos gonzos e uma figurinha, vestida como para uma parada do Carnaval de Torres gritou:

"Credo! Que violência!"

O personagem, meio achocolatado, apresentou-se como sendo o Joe Castlle Bronx, marchand de peças de Arte Roubadas. Era um básico que nem o estatuto de alien tinha em NY. Era uma espécie de virus mal amanhado, num organismo chamdo Big City.

"Diga! Que faz aqui?" Guinchou ele.

"Tenho algo que lhe interessa" Trovejou o Toino.

O Ucal com chocolate, pensou: "mas quem é este monumento?"

"Como sabe o que me interessa?" Disse ele na sua vozita de caniche.

"Sei que gosta de originais" Afirmou o primo.

"Que originais?" Respondeu fazendo uma pose Veneziana.

"Renoirs" Disse o Toino abrindo a mala e desenrolando uma tela.

Os olhitos do marron até se reviravam. Só lhe faltava bolsar.

"Mas de onde veio esta cópia? Arfou o Joe com os olhos duplicados no tamanho.

"Cópia? Mas que cópia?" Rosnou o primo como uma trovoada em pleno Scala de Milão.

"Desculpe. De onde veio este quadro?" miou ele....

"De Lapadócia, palhaço. De casa dos meus Tios."

Joe de Castlle Bronx, até ficou mais claro...

"De Lapadócia? Da casa senhorial?"

"Claro, " Respondeu o primo 15 DBs abaixo.

"Ui, Credo! Virgem Santíssima! Pai Nosso! Cristo e todos os Apóstolos...Então é um original." Gritou ele num estado alterado e histérico.

"Foi o único que o meu primo não estragou com carneirinhos"

Joe, ficou a olhar estarrecido. Não continha os tiques.....

"E quer vendê-lo?"

"Não! Quero trocá-lo"

"Trocar?? Trocar por quê?"

"Por uma equipe!"

Um silênco ocupou o espaço vazio entre eles.

"Equipe? De Drag Queens, ventríloquos, fiscais de finanças?"

"Não! De Gatunos, mongo!"

"Ui! Credo! Virgem Santíssima! Cristo e todos os Apóstolos"

"A Virgem dava muito jeito, para os milagres de que vamos precisar e os Apóstolos carregavam material. O Cristo ficava a morder a bófia...."

"Mas que equipe? O que pretende?"

"Quero assaltar o First National Bank!

Cada vez mais o Ucal com chocolate ficava branco. Até podia ser apelido.

" O First National Bank?"...arfou ele.

"Sim, esse!"

"Mas isso é impossível"

"Se quer a tela, reúna uma equipe".

Joe, sem perder a postura respondeu rápidamente:

"Tenho de falar com a Marge, a de Rebel Pinta

"Fala, mas tens de ser rápido, Mini Magnum de caramelo, ou nunca mais vês o Renoir."

Toino dirigiu-se para a porta enquanto Joe, tentava saber qual dos telemóveis havia de usar com a toillete para falar com a Marge de Rebel Pinta, a dos roubos Light.....

Toino levantou o braço ao nível do segundo andar e o Táxi parou.
A noite continuou a cair tal como a Bolsa.....

Eu sabia que ele ia ter sucesso. Lá fui eu para o Jardim de Lapadócia, hoje conhecido pelo Jardim da Estrela, com uma garrafa de James Martin, 20 anos.
A polícia apareceu às 23:00 como era habitual......



Episódio 5 - The Meeting




Só me lembro de gritar:
"CALEM-SE!"...quando a CNN deu a notícía. O First National Bank tinha sido roubado.1 bilião e 200 milhões de dólares tinham sido roubados da sua sede em NY. O pânico tomou conta de mim. Sabia perfeitamente que tinha sido o Toino. Ele tinha conseguido. Agora rico, não iria ficar por ali. Muito ainda estava para vir....
..........

Quando o Toino chegou ao Aldorf Hilton, aproximou-se, levemente curvado, do balcão da recepção e olhou para o dístico que o funcionário tinha ao peito : José Silva
"A room, please." disse o primo na sua voz grave
O funcionário, que era um emigrante semi-ilegal oriundo deste belo país e reconhecendo um patrício, perguntou numa voz trémula:
"Arrumo o quê?"
O Toino olhou para ele e durante uns momentos e pensou o que fazer...
"Olha lá, és de Olivença?"
"Não" respondeu o Zé.
"Sorte a tua. Então quero uma suite."
O Tuga estende-lhe um pote com sweets.
"Olha, lá, amigo, estás a gozar com a elite?"
"No, sir." respondeu.
"Sir ou não sir, é a questão, pá. Quero uma suite com vista para o Rockfeller Plaza."
O Tuga começou a pesquisar os "a roomos" que tinha.
"Ya, temos um 'aroom-te' no 17º floor."
"Ok. Fico nesse. "
Estendendo uma nota de 100 dólares, o Toino disse sussurrando:
"Toma nota, desta e de todas as chamadas para mim. Se te fizerem perguntas, dizes que não és de cá, ou levas com o "a-Room-te Service".
O Zé ficou branco e aceitou o desafio.
"Yasser. " gemeu o funcionário.
Nunca esse nome ficara tão bem ao Toino.....

A suite era enorme. Constava de 5 zonas. Todas a que um mortal tem direito antes de morrer e dar de fronhas com o Criador. O Toino tinha de andar levemente curvado para não bater nos estuques do tecto...

Deitado ao comprido na cama e com os pés no chão, aguardava que o telefone tocasse.

Um bezouro típico de telefone de hotel soou.
"Sim?"
"Dr. Toino, é...."
"Minini magnum, conta...." atalhou.

pausa...

"As coisa vão ser alteradas" disse o Joe com voz insegura.

"Não brinques comigo, mini-pokémon chamuscado"

"Não, não! Foram alteradas para melhor. É assim. A Marge "The rebel" Pinta, já se deixou de assaltos destes. Ela fazia parte de um grupo de 3 loucas conhecidas pelas "Rosas Chocas". A líder, agora é que tem o poder."

"Gaijas?" rosnou o Toino.

"Sim, 'laids' incríveis. Com um curriculum invejável. Conseguem tudo. Até conseguiram emitir 5 programas numa network. Conseguiram assaltar a inteligência de muitos."

"E são de confiança?"

"Acredite que são senhoras únicas. Amanhã, apareça no meu estúdio para conhecer a equipa e o projecto. 23:00h. Ok?"

"Olha, bro, se algo correr mal, não te mando matar, apenas mando cortar-te as pernas. Topas?"

Do outro lado o silêncio denotava algum receio...

Toino era realmente um líder. Ainda tinha muito para aprender, mas tinha tempo, muito....

23:20, Bronx. Seixal alley...

Despido o Táxi, o Toino bateu na janela do 1º andar.

A porta do rés do chão abriu-se e o Joe, olhou para cima...
O primo com um ar jocoso disse:

"Já que estás aí, podes fazer-me uma coisa boa....Podes trazer-me uma àgua." Riu-se. Era mesmo um pândego.

O Primo entrou...A sala estava pouco iluminada.

No interior notavam-se umas figuras difusas.

Toino sentou-se nas duas cadeiras vazias.

Semicerrou os olhos e vislumbrou 2 silhuetas, além da silhueta do Joe, que era sempre uma silhueta, mesmo ao meio dia.....

O Magnun caramelo acendeu uma luz. O foco incidiu sobre uma mesa redonda do anos 70.

Joe, de pé, olhou o Toino nos olhos e disse:

"Yo, grandão mau, aqui estão os teus sócios. A Marge baldou-se. Disse-me que não curtia cofres fortes. Apenas cofres light.....Por isso decidi falar com este dois.....

Com uma torção maravilha estende o braço direito, apresentando o personagem que ficara debaixo do primeiro foco....

"Francis Penyn....The Radical Man. Perito na arte de entreter, chegou ao topo da cadeia, de onde nunca irá sair.....Um mestre em iludir todos com poucos dólares..........Magnífico na famosa arte do "in dromination". Será o Master Chief desta operação.

Com um meneio de ancas, Joe estica o braço esquerdo para a 2ª silhueta e grita como se estivesse no circo:

"1, 2, 3....Loura, curta, rápida, a única e famooooosa, 3-za Williams (aka Guyliam). A mulher maravilha. Genial em produção de super mega eventos! Em carne e osso, em palco, em livro ou em revista. Genial na arte da 'in Droom Inacção'. 'A!'...A equipe maravilha, juntos e ao vivo, aqui e agora para um feito único. A mega, super hyper produção...The First National Robbery!"

Toino deixou que o pequeno gnomo colorido se acalmasse para se pronunciar.

"Diz-me, caramelo, esta parelha é capaz do que combinámos?"

"Sem dúvida! São espectaculares! Nada fica de pé e vai ver que ninguém sabe o que se passou. São uns demolidores."

"Olha, saguin, espero que não te enganes, porque me iria fazer-me impressão ver-te arrastar sem pernas nesta bela aldeia que é New York."

Francis, levanta-se e em contra luz, com uma pose Bruce "Willys", afirma:

"E tu, quem és?"

"Toino. The man from Lapadócia"

"Eu, Francis "Radical" Penyn, jamais perco um desafio. Considera o trabalho feito!"

"Explica-me como", disse toino na sua voz cava.

Francis Penin, estende o braço na direcção de 3-za williams.

A Mega short super heavy deadly weapon 3-za willy(for the friends) levanta-se e com uma expressão única, olhando Toino nos olhos, afirma:

"Isso agora não "in-teresa" para nada. Vamos fazer uma super produção com este assalto. Vai ficar na história. Ó se vai....Vamos produzir um assalto em directo. 40 câmaras, 3 satélites, 7 carros de exteriores, megawatts a perder de vista, fogo de artifício, 7000 pessoas a aplaudir, uma história de chorar e eu própria vou chorar ao vivo....Uma mega produção!"

Toino sentiu que coisa tinha pernas para andar...não a 3-za, mas o projecto.

..........

Em Lapadócia, eu mais uma vez me embebedava com o medo que o primo tivesse sucesso....
A polícia aparece sempre à mesma hora. Já éramos amigos. Que cena.....

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Next episode: O Projecto

Happy birthday, Toino!



Era o dia 7 de Fevereiro.
O dia do Toino
Feriado em lapadócia.
Todos se juntaram em redor da àrvore de natal ainda por desmontar.
Uns levaram incenso, outros mirraram e outros levaram uns insultos valentes...
"Que fazem aqui neste dia? Não devíamos estar a assaltar o First National?" rosnou o Toino na sua voz cava.
O Chocobom Coolstel Bronco, encolheu-se e rastejou para baixo da mesa. A 3za Williams, penteou a melena.
Eu espetava agulhas no boneco voodoo do primo.
Toino, chegou à janela e nem queria acreditar...
Olhou como um farol, pensando o que faziam tantos palhaços a dar os parabéns neste dia 7 de Fevereiro .
Milhares de Lapadócios, emigrantes tinham-se juntado nos jardins do hotel para saudar o grande Toino.
Com um gesto largo, Toino mandou-os f***r.
Riu-se e pensou:
"Não é para eles, coitados, mas sim para os otários que pensam que os dólares estão seguros".
Sentou-se na cama com a cabeça curvada pelo candeiro do tecto.
Olhou os que entraram no quarto com as chaves falsas e pensou:
"Que se f**a, lets paty!"
Com uma pancada abriu a garrafa de champagne na borda da cama e espalhou a espuma por todos os que se encontravam no aposento incluindo todos os que ele gostava mais e as dançarinas ucranianas.
No quarto, a Lili Canisses, fez um strip das próteses e a Cinha Joordin abanou-se até o silicone tomar a forma de chantilly. Ao amanhecer a Barbara Guimaroones até perdeu os carrilhos. Os anões entraram à hora certa e as bailarinas despidas para matar, alucinaram a maioria dos homens que de pau, estavam feitos com a gerência que apenas disse que anoite acabava quando o aniversariante dissesse.
Houve quem tomasse calmantes e quem tomasse táxis para casa...
O fogo de artificio fez a Liberty Statue puxar do guarda chuva e corar, e todos mais para lá de baghdahd, foram examinados pela CIA...
Era o 7 de Fevereiro.
O dia mágico...
Feriado em Lapadócia.
No dia seguinte, a vida continuava....